5.8.07

hiros

andar no japao eh nao se preocupar se a sua bolsa esta aberta, se o vidro do carro esta fechado, se o seu celular esta a mostra. aqui vc entende o real significado da seguranca. no pais, ninguem, alem dos mafiosos da yakuza e poucos policiais, portam armas de fogo.

nao eh brincadeira quando dizemos que podemos dormir com a casa aberta [coisa que eu sempre fazia quando morava em predio], deixar as coisas na sua mesa da faculdade durante dias [coisas que eu digo nao sao lapis e canetas, mas laptop, dinheiro etc], ou mesmo as compras no cesto da sua bicicleta, que ninguem mexe.

parece inacreditavel, mas se vc perde uma carteira com dinheiro, te devolvem intacta. acho ate que se tivesse o nome e o telefone do dono nas notas perdidas, devolveriam tambem. e vc eh envolvido por essa cultura. dificilmente alguem teria coragem ou falta de peso na consciencia pra pegar o que nao eh seu.

esse clima de honestidade fez existir a industria dos "herois". sao pessoas que nao tem muito o que fazer da vida e se especializam em achar coisas perdidas, geralmente nas estacoes de trens e onibus, para devolve-las aos donos. aqui eh costume entregar um trocadinho pra quem achou seus pertences, algo como 2 mil yenes [R$ 40], e eles vao vivendo assim.

sentem-se o maximo por ajudar o proximo e ainda recebem uma caixinha haha

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um pequeno adendo:
escrevi esse post antes de ler a materia do estadao de domingo [5/08], denunciando o furto de objetos das vitimas do acidente com o aviao da gol. meo deus do ceu! isso sim eh o que podemos chamar de diferenca de cultura..

Mortos do vôo da Gol foram pilhados
Documentos e objetos como celulares e jóias de vítimas do vôo 1907 sumiram ou pararam na mão de ladrões
Christiane Samarco

Os corpos das vítimas da tragédia do vôo 1907, envolvendo um avião da Gol, em 29 de setembro do ano passado, foram pilhados. Documentos importantes de alguns dos 154 mortos estão sendo usados hoje por falsários - um deles utilizou esses documentos no contrato de um empréstimo, no mês passado, em uma financeira de Brasília, para comprar um carro por R$ 20,4 mil.

Tão grave e impressionante quanto o uso criminoso dos documentos pessoais é o caso do celular de uma das vítimas que apareceu em um subúrbio do Rio dez dias após o acidente, quando só as Forças Armadas trabalhavam no local da queda do Boeing.

Por ter caído nas mãos de um revoltado e curioso 'consertador' de celulares, o aparelho virou pivô de uma cena tétrica: sem que o corpo da mulher tivesse sido localizado e resgatado, o viúvo recebeu uma ligação feita a partir do celular dela. Do outro lado, uma voz masculina chamou-o pelo apelido de 'Pretinho', uma maneira carinhosa pela qual era tratado pela mulher morta.

Ao longo da semana passada, o Estado recolheu provas e relatos de familiares a quem foram devolvidas carteiras, pastas e bolsas intactas dos parentes mortos, mas só com 'documentos supérfluos', como carteirinhas de clubes esportivos, identificações profissionais e de freqüência em universidades e outros estabelecimentos de ensino. Há relatos em que fica claro que os espoliadores da tragédia só queriam mesmo os documentos.

SEM IDENTIDADE

A empresária Janice Campos, moradora de Goiânia, recebeu o celular da filha funcionando e sem nada quebrado, além da bolsa com R$ 200, cartões bancários e talões de cheques, mas sem a identidade, CPF e certidão de nascimento do neto, sem a qual os dois, mãe e filho, não teriam embarcado em Manaus. Janice recebeu até a mochila do neto - dentro, a fantasia de Power Rangers.

Corpos de passageiros do vôo 1907, que nunca se separavam de certas jóias e não sofreram mutilações, foram entregues aos familiares sem alianças, cordões de ouro e brincos de estimação. Parentes receberam caixas de relógios sem um arranhão - e sem os relógios.

O comando da Aeronáutica, que coordenou toda a operação de resgate, a Gol e a Blake Emergency Services, empresa inglesa contratada para fazer o serviço de desinfecção e higienização de todos os pertences, não sabem explicar como sumiram dessas bolsas intactas os cartões de crédito, carteiras de identidade, carteiras de motorista e CPFs dos mortos.

Após a retirada dos objetos da selva de Mato Grosso, tudo foi reunido em um galpão, em Brasília. Entre a coleta e a devolução aos parentes, os pertences ou foram manuseados ou ficaram à vista de militares, índios e mateiros, policiais civis, bombeiros, funcionários da Gol e técnicos da Blake. Onde e como foi a pilhagem ainda é uma incógnita.

E por ai vai...

2 comentários:

I N disse...

Oi Maya!

Tudo bem por aí?

Caramba... deixei acumular um monte de post aqui... hehehe... aos poucos vou me atualizando =)

Caramba... que legal isso, né?! Segurança, confiança... a gente nem sabe mais o que isso significa por aqui... infelizmente...

Ah, não sabia que existia gente que acha coisa e procura seu dono... me fez lembrar de um desenho que vi só uns pedacinhos, faz tempo... "Get Backers" hehehe

bjos... boa semana! =^_^=

Anônimo disse...

Fod* isso, nos dois sentidos.

Tive a bicicleta desaparecida, mas foi minha culpa, igualmente.

Outro dia, comprei duas camisas em uma loja, fui de bicicleta para outra loja. Entrei e fiquei olhando as coisas quando lembrei que deixei o pacote no cesto da bicicleta. Fui correndo e ainda estava no mesmo lugar.

Sobre esse ramo de achar coisas e ganhar recompensa, muito bom, hein? Nem sabia. Vou observar melhor de agora em diante. Mesmo para evitar ser atropelado.

まった